sábado, 13 de outubro de 2012

XXVI Naquele dia...


Foto de FNando

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A luz entrava a jorros na divisão, pois as cortinas não tinham sido fechadas. Emilie abriu com dificuldade os olhos e olhou à sua volta. Que ressaca! Mas fora uma tarde e noite muito divertidas. Há quanto tempo isso não lhe acontecia! Subitamente, Emilie deu-se conta que não estava na sua cama, nem no seu apartamento. Onde estava então? Onde fora parar? Olhou para o outro lado da cama, mas não viu ninguém. 
Levantou-se, enrolou-se no lençol e explorou o apartamento completamente remodelado. Apesar de o exterior ser do século XIX, o interior era do mais contemporâneo que havia, com muitas peças de designers e obras de arte. Aventurou-se mais! Tinha de saber onde e com quem estava. 
Viu uma porta entreaberta e dirigiu-se para lá. Tentou não fazer muito barulho. Abriu mais um pouco a porta e viu Paulo ainda a dormir. Então estava em casa do amigo! Ainda bem. Assim, sentia-se mais segura.
Emilie sentiu fome e dirigiu-se à copa. A avó Laura lá estava, quase intemporal. Recebeu-a com abraços e beijos. Há quanto tempo não se viam! A avó Laura deu ordens para que se fizesse o pequeno almoço para a menina Emilie. Esta foi tomar banho e, de seguida,  ambas se dirigiram para a sala de refeições.
- Ah menina, como desapareceu durante tanto tempo?
- São coisas que acontecem, avó Laura. - respondeu com carinho. - Muito trabalho, viagens de negócios...
- Claro. Compreendo. Com o Paulo é a mesma coisa.
- Gostei muito de o reencontrar. Trouxe-me a minha infância de regresso! - Disse trincando um croissant. - Foi muito bom.
- Sabe, segredou-lhe a avó Laura, sempre pensámos que acabassem juntos.
- Não foi possível, avó Laura. Éramos muito jovens quando namoramos. Além disso, cada um queria seguir um caminho diferente.
Emilie olhou vagamente o que se encontrava em cima da mesa. Depois, serviu-se de mais café com leite, pão com manteiga e sumo de laranja.
- Foi uma pena! - lamentou a velha senhora.
- O que é que foi uma pena, avó?- perguntou Paulo entrando na sala, indo beijar a avó e Emilie.
- Que não tivesses acordado mais cedo para tomarmos o pequeno almoço juntos.
- Mas ainda estão à mesa, portanto estamos todos juntos.
- Como antigamente- confirmou a avó Laura.
- Não vou poder ficar por muito mais tempo.- disse Emilie. - Tenho de ir rever alguns dados para as reuniões de amanhã.
- Emilie, hoje é domingo, descanse. Almoce connosco. - Insistiu a avó Laura.
- Agradeço, mas hoje é impossível.
- Nada é impossível. - respondeu Paulo enigmático.


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