quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A meu pai, Armindo Augusto

Deixaste que fosse pássaro
para que o céu e todo o espaço
me desse de beber
tragos de sentir e sopros de ser
no colo dos sonhos
contra qualquer ameaça

***

Deste-me a força e a agrura das fragas
para que essa semente
frutificasse em solo fértil
sem desesperança e muita convicção
na flor da sensibilidade
no delírio justo da criação

***

Tudo me deste para eu ser grande
Mas não fui forte como querias
porque anteciparam a tua partida
e no meu luto de anos e anos
fiz-me cativa do meu desespero
***
Não
Não quero que os teus amorosos olhos
azuis mar céu tranquilidade
se vistam de mágoa líquida
pois voltei a ser pássaro
e a sonhar os nossos sonhos